A Enel Distribuição Ceará (Coelce) é uma empresa de distribuição de energia elétrica que atua em todo o estado do Ceará, atendendo aproximadamente 4,38 milhões de unidades consumidoras em 184 municípios. Com uma ampla rede de atendimento, que inclui 27 centros operacionais e 188 lojas de atendimento, a empresa é reconhecida pela qualidade de seus serviços e pela excelência em atendimento ao cliente. Além disso, a Enel Ceará é uma das distribuidoras de energia elétrica mais premiadas do país, tendo sido eleita a melhor distribuidora de energia elétrica do Brasil pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) em seis ocasiões.
Apesar de ter registrado em 2024, o melhor crescimento econômico dos últimos anos (5,5% em comparação com 2023) a economia do Ceará possui forte dependência de setores específicos (agronegócio, indústria pesada) o que pode gerar volatilidade na demanda de energia, ou seja, se um grande empreendimento industrial reduzir produção, impacto pode ser relevante.
Vale dizer que a proporção de famílias inadimplentes no Ceará é alta: por volta de 41,9% das famílias tinham contas em atraso em determinado mês, número significativamente acima da média nacional (~30,3%) sendo que as contas de luz representam quase 20% das dívidas em atraso no estado o que sugere que o segmento de energia pode estar relativamente vulnerável em termos de inadimplência.
Em comunicado de agosto de 2025, a Enel Ceará informa que no primeiro semestre de 2025 as perdas de energia foram reduzidas de 17,89% para 16,97% da energia injetada como resultado de ações intensivas de combate a irregularidades.
Contudo, apesar dos esforços de redução de perdas de energia, a Enel Ceará (Coelce) possui nível acima da média nacional que apresentou 14,0% segundo indicações mais recentes.
Entre 2020 a 2024 a receita da companhia passou de R$ 5,9 bilhões (2020) para R$ 8,4 bilhões (2024) tendo assim um crescimento de aproximadamente 42,0% no período que consideramos ligeiramente positivo e pode ser explicado pela expansão da economia do Ceará.
O Ebit (Lucro Operacional) no mesmo período de comparação vem apresentando crescimento significativo na qual passou de R$ 367,3 milhões para R$ 1,4 bilhões que pode ser explicado pelos seguintes pontos: i) Investimentos em infraestrutura e melhorias operacionais; ii) Redução de custos operacionais e de perdas através de iniciativas de combate ao furto de energia, ligações irregulares (perdas não técnicas) e melhorias da rede e ; iii) Melhoria de eficiência e escala.
Por outro lado seu nível de endividamento vem numa crescente na mesma base de comparação, ou seja, mais do que dobrou desde 2020 passando de R$ 2,5 bilhões (2020) para R$ 5,4 bilhões (2024) que se deve aos seguintes fatores: i) Intensificação do ciclo de investimentos (CAPEX); ii) Elevação da necessidade de capital de giro devido ao aumento da inadimplência pós-pandemia (2020-2022), o que elevou o volume de contas a receber e ainda ao repasse de custos de energia comprada das geradoras (especialmente em 2021, crise hídrica e bandeiras tarifárias) aumentando assim o desembolso de curto prazo o que levou a Enel Ceará a recorrer alinhas de crédito de curto prazo e empréstimos para financiamento do diferimento tarifário e; iii) Juros mais altos e alongamento de prazos tendo em vista o forte aumento da selic e alongamento de prazos implicando assim em novas emissões a taxas mais altas. Dessa forma seu atual nível de endividamento é considerado elevado já que a dívida bruta representa 112,0% do patrimônio líquido da empresa.
Por último, o lucro líquido da Enel Ceará (Coelce) atingiu R$ 464,9 milhões em 2024 ante R$ 265,2 milhões em 2020 com este crescimento sendo impulsionado principalmente pelo forte aumento do Ebit na mesma base de comparação.
Diante do exposto acima temos uma visão neutra para as ações da Enel Ceará (COCE5), já que a companhia está bastante exposta a economia do Ceará que possui volatilidade elevada devido a dependência de setores específicos e aos programas sociais dos governos o que colabora para a companhia possuir níveis de perda de energia e inadimplência acima da média nacional.
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