O Grupo CCR, criado em 1999, é uma das mais expressivas empresas de concessão de infraestrutura e mobilidade da América Latina. Com sede no estado de São Paulo atua como prestadora de serviços públicos, via concessão, nas áreas rodoviária, aeroportuário, metroviária e prestadora de serviços de comunicação multimídia e conectividade.
Em abril de 2025, o grupo formalizou a mudança de nome para Motiva Infraestrutura de Mobilidade
A empresa é altamente dependente no nível de crescimento da economia, pois uma vez a economia aquecida o fluxo nas suas rodovias e outras concessões crescem também o que melhora assim o desempenho operacional da empresa.
A companhia vem alienando ativos não estratégicos como aeroportos, para reciclagem de capital (venda de 17 aeroportos) com o objetivo de reduzir sua alavancagem considerada alta.
Vale dizer ainda que o plano de venda de vários aeroportos irá permitir a empresa focar em ativos mais rentáveis.
A atuação no setor de concessões de infraestrutura gera fluxo mais previsível (com ajustes tarifários, cláusulas de reequilíbrio) do que muitos setores cíclicos.
Soma-se a isso as perspectivas favoráveis para a companhia nos próximos anos já que o Brasil encarece de infraestrutura o que tende a fomentar novos investimentos no setor.
Dito isto vamos a análise dos números nos últimos anos:
Entre 2020 a 2024 a receita da companhia teve forte crescimento passando de R$ 9,9 bilhões (2020) para R$ 21,8 bilhões (2024) que tiveram como principais fatores: i) Novas concessões e expansão de portfólio ; ii) Reajustes tarifários e repactuações contratuais por meio de mecanismos de reajuste anual pelo IPCA ou pelo IGP-M, o que elevou tarifas em um cenário de inflação alta (2021–2023) além de reequilíbrios contratuais e ; iii) Crescimento orgânico nas concessões rodoviárias maduras.
No mesmo período o Ebit teve um crescimento ainda maior atingindo R$ 5,2 bilhões em 2023 ante R$ 2,1 bilhões em 2020, com a empresa ganhando em termos de eficiência que foram impulsionados pelos seguintes fatores: i) Ganhos de eficiência e programas de redução de despesas através da automação de pedágios (free flow e tags eletrônicas), integração de sistemas nas concessionárias; e revisão de contratos e centralização de compras ; ii) Maturação de novas concessões com margens maiores ; iii) Reajustes tarifários acima da inflação de custos e ; iv) Renegociações e reequilíbrios contratuais favoráveis.
No entanto, a divida bruta teve considerável aumento na mesma base comparativa em que passou de R$ 19,9 bilhões em 2020 para R$ 33,9 bilhões em 2024. Entre os fatores que podem explicar essa alta destacamos: i) renovação das concessões com a empresa precisando assim incorrer em novos financiamentos/empréstimos para fazer novas obras necessárias e ; ii) aumento dos investimentos para alavancar o resultado através de novos financiamentos. Com isso o nível de endividamento da companhia é considerado alto com a dívida bruta sendo 2,65 vezes maior que o patrimônio líquido da mesma, porém essa é uma característica peculiar do setor devido aos volumosos investimentos que precisam ser feitos como parte do contrato das concessões adquiridas.
Apesar do aumento da dívida, o lucro líquido da empresa teve forte aumento passando de R$ 191,0 milhões no ano de 2020 para R$ 1,2 bilhões no ano passado.
Tendo em vista os bons números da Motiva (MOTV3) que foram impulsionados pela sólida gestão e vantagens competitivas da empresa como atuação em um setor com boa previsibilidade em seus resultados que provavelmente continuarão nesse ritmo temos recomendação de COMPRA para as ações da Motiva (MOTV3).
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