A Cyrela é uma companhia brasileira sediada em São Paulo que atua no setor imobiliário. A Empresa possui participação nos segmentos de construção, incorporação e comercialização de imóveis residenciais e seus principais projetos estão localizados em São Paulo e no Rio de Janeiro. As principais atividades estão divididas em três tipos de negócio: imobiliário, serviços e habitação, onde a Empresa está focada no segmento de média e alta renda; segmento de loteamento e serviços imobiliários, nos quais a Companhia desenvolve projetos residenciais via joint ventures e participações indiretas em projetos. Além disso, a Companhia tem participação como coligada nas empresas: Lavvi (LAVV3), com imóveis de médio e alto padrão, Cury (CURY3), em um segmento de baixa renda, e Plano & Plano Desenvolvimentos (PLPL3), também com padrão baixa renda.
Apesar do atual cenário adverso com taxas de juros em níveis bastante elevados (maior em 20 anos) a Cyrela vem conseguindo se destacar através de resultados sólidos. A construtora tem entregado bons níveis de vendas e redução em seu estoque. A participação em joint-ventures segue gerando resultados positivos, com fortalecimento na geração de caixa do grupo além de contribuir para uma diversificação de fontes de receita para a companhia.
Para enfrentar o atual cenário de juros altos a Cyrela vem adaptando sua carteira para favorecer empreendimentos econômicos e programas sociais, buscando assim ampliar a base de clientes e manter vendas, além de controle rigoroso de custos e eficiência na gestão de projetos.
Entre as medidas de maior eficiência e corte de custos se destacam: i) Investimento contínuo em técnicas de construção padronizadas e treinamento de funcionários, o que permite maior controle de qualidade e redução de desperdícios; ii) Fortalecimento das relações com fornecedores para conseguir melhores preços, redução de prazos e qualidade superior de materiais e serviços e; iii) Aceleração dos lançamentos em mercados de alta rentabilidade, especialmente imóveis de alto padrão em São Paulo, e diversificação com forte presença no segmento popular (Minha Casa Minha Vida), que tem margens operacionais mais estáveis em ambiente de juros altos.
Em relação aos números nos últimos anos temos:
A receita líquida saiu de R$ 3,8 bilhões em 2020 e foi para R$ 8,0 bilhões em 2024 mais do que dobrando durante o período impulsionada por fatores como: i) Diversificação da receita com ganhos adicionais nas áreas de serviços financeiros, especialmente pela fintech subsidiária CashMe, que contribuiu para o avanço da receita; ii) Boa velocidade de vendas associada à oferta de produtos alinhados ao perfil da demanda atual, com foco em imóveis residenciais de alta e média renda e expansão no segmento de imóveis populares e; iii) Estratégia de gestão de carteira de terrenos, com escrituração de novos terrenos de alto potencial em regiões metropolitanas como São Paulo e Rio de Janeiro, ampliando o pipeline de lançamentos futuros e possibilitando crescimento sustentável da receita.
O Ebit registrou avanço ainda maior atingindo R$ 1,5 bilhões em 2024 ante R$ 533,4 milhões em 2020 tendo assim ganhos de margens devido a: i) Compromisso rigoroso com gestão de custos e qualidade, conseguindo reduzir desperdícios e aproveitar economias de escala na compra de materiais e serviços, além de manter relações de confiança com fornecedores; ii) Foco em produtos com maior margem operacional, principalmente projetos do segmento alto padrão, garantindo maior rentabilidade mesmo num cenário competitivo e de juros elevados; iii) Melhoria na eficiência operacional com controle rigoroso de despesas administrativas e comerciais, que permitiu diluição de custos fixos frente ao aumento das vendas e; iv) Estratégia de composição do portfólio que equilibra volume e margens, com expansão de projetos nas regiões metropolitanas mais valorizadas e foco no crescimento sustentável do pipeline de terrenos.
No entanto, a dívida bruta teve forte elevação na mesma base comparativa ao sair de R$ 2,7 bilhões em 2020 e ir para R$ 6,0 bilhões em 2024 demonstrando que boa parte do crescimento da construtora fora financiado com capital de terceiros. Porém, apesar do aumento da dívida, o nível de endividamento ainda segue seguro já que atualmente a dívida bruta representa 72,0% do patrimônio líquido da mesma.
Entretanto apesar do bom crescimento das principais rubricas, o forte aumento da dívida bruta colaborou para comprometer o resultado final da construtora tendo em vista que a Cyrela totalizou R$ 1,7 bilhões em 2024 praticamente em linha com aquele apurado em 2020 que foi de R$ 1,8 bilhões.
Apesar da estagnação do resultado final da Cyrela nos últimos anos, temos recomendação de COMPRA para suas ações (CYRE3) devido a resiliência em seus últimos resultados diante de um cenário bastante adverso de juros a níveis bastante elevados.
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